PROFETA-PRODÍGIO

Daniel Pentecoste com o pai e a irmã: ''atração diferente'' nas igrejas


Lembram da Ana Carolina, a ''menina pastora'' que virou hit no YouTube? Pois ela tem uma versão curitibana: Daniel Pentecoste, um garoto de 7 anos que há três percorre as igrejas evangélicas divulgando a palavra divina.

Com a agenda lotada até dezembro, Daniel já tem compromissos marcados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. ''Toda igreja quer ter uma atração diferente nos fins de semana. Como os pastores mais famosos chegam a cobrar até R$ 20 mil por culto, acabam procurando os cantores e pregadores mirins'', explica o pai do menino, Roberto Camargo, 47.

Metalúrgico, Roberto trocou a perspectiva de ter um emprego fixo pelo objetivo de consolidar a carreira de Daniel e sua irmã, a cantora Sara, de 12 anos. Além de empresário, ele cuida das crianças em tempo integral na casa de quarto e sala na Vila Oficinas. ''A mãe deles nos abandonou, não quis saber desse negócio de ser crente'', conta o fiel da Assembléia de Deus.

Ainda que tenha brigado na Justiça pela guarda dos dois, Roberto não deixa de receber críticas por agenciar os filhos. Há pouco tempo, teve de se explicar no Conselho Tutelar depois que os garotos passaram dez dias longe da escola. Mas provou que havia avisado com antecedência e o mal-entendido foi desfeito.

''O que eu posso fazer se eles nasceram com esse dom e adoram o que fazem?'', justifica o pai, que anda pela cidade em um carro plotado com a foto do menino. Os recursos para manter a família, ele diz, vêm da venda dos CDs e DVDs gravados pelos filhos. As igrejas em que se apresentam também contribuem, doando roupas e até mesmo valores em dinheiro.

De terninho e cabelos bem penteados, Daniel imita as expressões e o gestual dos adultos. Anda no meio da platéia, enxuga o rosto com uma toalha e grita em momentos mais exaltados da pregação. Seu ídolo é o pastor Marco Feliciano, ''popstar'' do meio envangélico conhecido por usar um tom muitas vezes agressivo.

Questionado se o filho sabe do que está falando, Roberto admite: ''O Daniel não entende nada, mas também não decora''. As mensagens proferidas, ele garante, surgem do poder do Espírito Santo. ''Meu filho é um profeta que transmite o que cada igreja precisa naquela hora''.

E se Daniel e Sara, quase uma adolescente, decidirem largar a religião quando ficarem maiores? ''Aí eles vão ter que se resolver com Deus. A minha parte eu estou fazendo'', afirma o pai.

por OMAR GODOY
com foto de MARCOS BORGES
setembro de 2008

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