TUDO A QUATRO MÃOS


Letícia e Clarissa: biquínis para todo lado


Letícia e Clarissa Rodante, 31 anos, são gêmeas do tipo clássico: não se desgrudam um só minuto. Donas e designers de uma grife de biquínis, a Rodando a Baiana, as duas garantem que se completam em tudo. Até no trânsito. ''É como se a gente dirigisse junto. A Lê no volante e eu orientando do lado'', brinca a irmã.

No trabalho, as duas participam da fase de criação. Mas Clarissa prefere se dedicar à pesquisa. Letícia, mais comunicativa, sai para vender as peças. Seus biquínis, produzidos de forma quase artesanal e exclusiva, surgem da investigação de tendências e novas tecnologias.

A história profissional das gêmeas começa em Maringá, onde nasceram e cresceram vendo a avó costurar. Aos 14 anos, depois de fazer um curso na área, ganharam de Natal sua primeira máquina. E nunca mais pararam de produzir.

Ambas fizeram faculdade em Curitiba. Letícia cursou Desenho Industrial na PUC. Clarissa se formou na primeira turma de Moda da Tuiuti. Ela conta que a mania por biquínis começou nessa época. ''Fiz um de jeans para mim, sem nenhuma pretensão. As pessoas gostaram, acharam diferente e começamos a criar novos modelos''.

Nesse meio tempo, também se envolveram com a música. Tocaram na banda punk As Garçonetes e chegaram a promover um desfile de biquínis em pleno templo do underground local, o 92 Graus.

De volta a Maringá, em 2002, abriram a loja Rodando a Baiana. Mas o mercado não ajudou, e depois de dois anos as duas se mudaram de mala e cuia para Arraial da Ajuda, na Bahia. Fizeram 3 mil biquínis e caíram na estrada com Gabriela, filha de Letícia.

Chegando lá, venderam todo o estoque para turistas estrangeiras - israelenses, holandesas e, principalmente, portuguesas. ''Elas chamavam a calcinha de cueca e diziam que tudo estava muito 'giro' (bonito)'', lembra Letícia. Era raro uma cliente levar menos de dez peças. Muitas delas compravam 30, 40, para revender em terras lusitanas.

A experiência durou nove meses. Entre outros motivos, porque a região era carente de materiais e mão-de-obra qualificada para terceirizar alguns serviços. E também porque o lugar, definitivamente, não combina com trabalho. ''A gente fazia uma venda na praia e ia deitar na rede, tomar um banho de mar'', conta Letícia.

Radicadas novamente em Curitiba, as gêmeas se preparam para lançar a nova coleção de verão, acompanhada de um blog de divulgação. Tudo num ritmo próprio, sem ansiedade, meio baiano mesmo. ''Nosso esquema é mais caseiro, para manter uma produção exclusiva'', justifica Clarissa. Mas não custa dar uma força: contatos pelo e-mail rodandoabaiana@hotmail.com.

por OMAR GODOY
com foto de LETÍCIA MOREIRA
agosto de 2008

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