A VIDA SECRETA DOS "COLORIDOS"

Casais liberais contam por que
Curitiba é referência no circuito do swing



Capital disso e daquilo, Curitiba também é considerada referência nacional de um estilo de vida alternativo e invisível: o swing. São três casas noturnas para casais liberais na cidade, que, juntas, atraem cerca de mil pessoas todas as semanas. Muitas delas vêm do interior e de estados vizinhos, e não são raros os grupos que organizam excursões para se divertir por estas bandas.

O segredo por trás dessa fama, quem diria, está nas características mais combatidas do temperamento dos curitibanos. Discretos e formais, os casais locais atraem os ''estrangeiros'' justamente por sua, digamos, serenidade. ''Isso ajuda muito, porque o pessoal de fora sabe que não vai se incomodar depois. O que acontece na casa, fica na casa'', afirmam Ronaldo e Cris, mais conhecidos como Kasal 6969. Eles se encontraram com a reportagem da FOLHA na praça de alimentação de um shopping center.

Swingers, ou ''swingueiros'', há cinco anos, os dois exercem uma espécie de liderança no clube liberal mais conhecido e badalado da cidade - o Desiree, em Santa Felicidade. Simpáticos e bons de papo, tratam do assunto com a naturalidade de quem comenta um hobby qualquer. Não à toa, mantêm contato frequente com outros cem casais, experientes ou não. Uma turma animada em todos os sentidos, que costuma se reunir para festas, churrascos, viagens e até aniversários de crianças.

''A vida muda depois do swing. A nossa rotina era trabalhar, ver novela e dormir. Agora temos uma programação social intensa, com atividade o tempo todo'', diz Ronaldo, 39 anos, que pesava mais de 100 quilos antes de frequentar o clube. Hoje, obriga-se a estar em forma, para não fazer feio entre os swingers.

Para Cris, que tem a mesma idade, as amizades surgidas nesse meio são mais sinceras e menos interesseiras. Aliás, os casais liberais dividem as pessoas em dois grupos: ''colorido'' e ''preto e branco''. ''Com os coloridos a gente pode conversar sobre tudo. Já com os preto e branco (sic) é diferente. É aquele relacionamento frio, de vizinho'', explica.

O Kasal 6969 está junto há 20 anos e não tem filhos (uma exceção em seu círculo de convivência). Livres das obrigações familiares, costumam buscar parceiros também na internet. Ou melhor: parceiras, pois Cris é assumidamente bissexual. A troca de casais propriamente dita, ela afirma, acontece em situações especiais.

O ''bi feminino'', como dizem os praticantes, é uma espécie de porta de entrada para o mundo do swing. Cris, por exemplo, revela que teve inúmeras relações com mulheres antes de se envolver com homens. ''Levou dois anos para isso acontecer'', lembra.

O mesmo vale para Mi, 25, casada com Jef, 27. Em uma conversa a três, pelo viva-voz do telefone celular, ela conta que o marido era muito ciumento. Por isso, as primeiras visitas ao clube serviam apenas para apimentar o relacionamento. Os dois dançavam, olhavam os outros casais em ação e voltavam para casa inspirados. ''Conhecemos o Desiree por curiosidade, levados pela minha irmã e o namorado dela. E nunca mais saímos de lá'', diz.

A exemplo do Kasal 6969, Mi e Jef preferem se identificar como ''profissionais liberais'' (um termo bastante vago, convenhamos). Mas, no geral, os swingers curitibanos são pessoas de classe média ''realmente média''. ''A maioria dos nossos conhecidos mora entre o Portão e o Boqueirão'', afirma Ronaldo.

O swing, definitivamente, não é para os mais pobres. Além das noitadas nos clubes (que não são baratas), há uma série de gastos com eventos e viagens. ''Conheço um casal de Santa Maria (RS) que está sempre por aqui. Eles poderiam ir às casas de Porto Alegre e Camboriú, só que preferem o pessoal de Curitiba'', conta Mi. Cris também cita amigos de Joinville, São Paulo e Brasília que vira e mexe aparecem na cidade.

Questionados se o swing vicia, os casais afirmam que conseguiriam retomar a rotina ''preto e branca'' sem maiores problemas. E garantem: sentiriam mais falta das amizades e da adrenalina envolvida do que do sexo em si. ''A vida ficaria muito chata'', admite Ronaldo. Cris, por sua vez, acredita que um dia vai se cansar de tanto agito. ''Acho que, no futuro, vamos continuar sendo amigos de todo esse pessoal. Mas só para se reunir e lembrar de nossas histórias''.

O FIM DO CIÚME?

Pode parecer contraditório. Mas para o mundo liberal do swing funcionar, é preciso respeitar um certo código de ética. A começar por uma das máximas do meio: ‘‘Não cobice a mulher do próximo a não ser que o próximo esteja muito próximo’’.

Trocando em míudos, é importante que todos os envolvidos estejam cientes da situação. Daí que, para os swingers, os parceiros só se traem quando não há o consentimento mútuo. ‘‘Swing sim, traição não’’ é outro lema dos praticantes, que juram de pés juntos que sempre usam preservativos.

Ter um casamento estável e sólido também está entre os requisitos básicos. ‘‘O swing não é uma tábua de salvação para a relação. Pelo contrário. O casal que está mal normalmente acaba se separando depois de experimentar a troca’’, afirma Camargo, dono do Desiree Club.

E o mais importante: separar sexo e sentimento. ‘‘Minha mulher pode transar com um cara a noite inteira. Se, no final, ela deitar no colo dele e fizer carinho no rosto, o pau vai quebrar’’, diz o empresário.

Cenas de cíume existem, porém são raras e facilmente contornadas. O caso recente do homem assassinado por um marido transtornado, durante uma sessão de swing em Campo Grande, é uma trágica exceção que confirma a regra. ‘‘Eles provavelmente eram inexperientes. Os iniciantes querem ir direto ao ponto, não entendem que é legal conversar com as pessoas, conhecer o meio’’, opina Ronaldo, do Kasal 6969.

Cientista social e mestrando em Antropologia na UFPR, Valtemar Sartorelhi é autor de uma dissertação sobre o universo swinger. Intitulado ‘‘Corpo, Sexualidade e Gênero: Troca de Casais no Cyberespaço’’, o trabalho investiga a busca de parceiros pela internet e discute o conceito de ‘‘trocas simbólicas’’.

‘‘No swing, o que se troca é o corpo do parceiro. Amor e carinho ficam de fora da negociação’’, afirma Sartorelhi. De acordo com ele, há uma confusão entre a troca de casais e o chamado relacionamento aberto. ‘‘São duas coisas diferentes. O casal swinger está junto o tempo todo, ao contrário de quem pratica o relacionamento aberto’’.

Para Sartorelhi, a internet é a responsável pelo boom do swing mundo afora, e não apenas por sua amplitude e caráter agregador. Ao garantir o anonimato, a rede possibilita que os casais experimentem aos poucos o estilo de vida liberal. Em sua pesquisa, o sociólogo identificou uma série de etapas nesse processo, que começa com a fantasia individualizada de um dos parceiros.

O passo seguinte é dividir a fantasia com outro. Depois, vem a fase de imaginar a participação de terceiros durante a relação. Até que a internet entra no jogo, por meio da navegação em sites especializados e do contato via MSN e Orkut (há incontáveis comunidades para swingers no portal de relacionamentos). Encontros são marcados e, se houver ‘‘química’’ entre os casais, a troca pode acontecer – normalmente em outra data.

Ao contrário de outros acadêmicos que se dedicam ao tema, Sartorelhi não acredita que a popularização do swing é fruto da emancipação sexual da mulher. Segundo ele, a troca de casais traz um forte componente machista, travestido de igualdade de direitos. ‘‘Os swingers costumam dizer que as mulheres definem as regras do jogo e controlam tudo. Mas basta analisar os anúncios de casais na internet para constatar que o corpo feminino é usado como objeto dessa propaganda’’, afirma.

A maioria dos anúncios, publicados em portais dedicados exclusivamente ao swing, apresenta somente fotos da mulher. E mesmo os textos priorizam a descrição física e as preferências da parceira. ‘‘Isso faz parte da lógica machista da sociedade, não é uma característica exclusiva do swing’’, completa Sartorelhi.

Os casais, obviamente, discordam. ‘‘Não acho o swing machista nem feminista. A feminilidade é só um cartão de visita, pois a mulher é mais sensual’’, diz Mi, casada com Jef. ‘‘Homem nunca é bonito’’, ironiza Cris, a outra metade do Kasal 6969.

Mas por que apenas o bissexualismo feminino é incentivado? ‘‘O bi masculino não tem muita aceitação. Os clubes inclusive proíbem as relações homossexuais’’, afirma Ronaldo. Ele ainda conta que os homens com esse tipo de tendência raramente se revelam. E quando o fazem, costumam formar turmas separadas. ‘‘Nada contra, só não tenho a mínima vontade de experimentar’’, enfatiza.

"AMOR EU DOU EM CASA"

O ménage à trois, ou simplesmente ménage, é uma constante no mundo do swing. A prática é tão popular que os clubes do gênero permitem, pelo menos uma vez por semana, a entrada de mulheres e homens solteiros. São os chamados ‘‘avulsos’’.

O sexo entre um homem e duas mulheres é bastante comum no meio. Mas há quem prefira inverter os papéis. Como Rodrigo, que revela ter dividido a mulher com mais de 100 avulsos nos últimos dez anos. ‘‘Ela é extremamente ciumenta, nunca deixaria eu ficar com outra’’, diz, por telefone.

O marido, que não é bissexual, admite se excitar com esse tipo de relação. Também conta que, às vezes, a esposa transa com mais de um homem na mesma noite. Ela, no entanto, não quis falar com a reportagem.

O casal tem uma filha e está junto há 13 anos. Ele tem 42 e trabalha com vendas. Ela completou 30 e cuida da casa. Freqüentam o clube Liberty House, mas ficam ‘‘ligados no swing’’, como diz Rodrigo, mesmo quando não estão na casa. ‘‘Você passa a agir de maneira diferente. Vai a uma balada normal e observa as pessoas, conversa, troca telefone para se encontrar depois’’, afirma.

Para ele, a sociedade têm uma visão errada do ‘‘movimento’’. ‘‘As pessoas pensam que a gente chega lá, tira a roupa e sai transando. Não sabem que há toda uma socialização’’. ‘‘O clube é como uma danceteria normal, só que depois de certo horário rolam umas brincadeiras para quebrar o gelo’’, acrescenta.

Como todo swinger, Rodrigo também tem o próprio código de regras, para evitar que os avulsos passem dos limites. E quais são esses limites? ‘‘É o cara achar que a mulher é dele’’, explica. Beijar na boca, por exemplo, está terminantemente proibido. ‘‘Isso é muito pessoal. Amor eu dou em casa’’, justifica.

PRAZER E NEGÓCIOS

Seria injusto afirmar que Curitiba é uma das capitais brasileiras do swing (ao lado de São Paulo, Rio, Porto Alegre e Camboriú) apenas porque o comportamento polido dos casais locais atrai os adeptos de outros estados. Muito do sucesso da cidade nesse circuito se deve à casa especializada Desiree Swing Club, criada há 11 anos.

Com estrutura de uma boate convencial, o espaço abre três vezes por semana e recebe cerca de 300 pessoas por noite. A divulgação é feita na base do boca-a-boca e pela internet, em um portal que também hospeda anúncios de casais associados.

O dono, que pede para ser identificado como Camargo, é um empresário veterano da noite curitibana. Comandou uma danceteria ‘‘normal’’ e foi um dos primeiros na cidade a promover festas no estilo Clube das Mulheres. Swinger de carteirinha, organizava jantares informais para casais por puro gosto. Mas enquanto os encontros ganhavam novos interessados, sua paciência para os clientes da boate se esgotava. ‘‘Até o dia em que fiquei de saco daquela piazada e resolvi abrir meu próprio clube para casais’’, conta.

Ele afirma que o Desiree cresceu junto com o movimento do swing no Brasil. Inicialmente freqüentada por 30 casais, a casa ganhou tanto público que teve de se mudar para um lugar maior, fora do Centro. Atualmente funciona num casarão construído em uma espécie de chácara, no bairro de Santa Felicidade. Há também uma ‘‘franquia’’ londrinense, que Camargo admite acompanhar somente de longe.

A cidade ainda conta com outros dois clubes, igualmente fundados por swingers: Pepper (no Rebouças) e Liberty House (no Parolin). Este último teve a participação de Camargo em sua criação, mas hoje os dois empresários são inimigos mortais – por motivos que fogem ao objetivo da reportagem.

Para o dono do Desiree, a casa rival não possui boa estrutura e, por cobrar mais barato, atrai ‘‘gente de baixo nível’’. Segundo ele, quem quer ver pessoas jovens e bonitas deve ir ao seu clube. Já o administrador do Liberty, Júnior, sequer considera Camargo um concorrente. ‘‘Não questiono a estrutura e o resultado financeiro do Desiree. Mas aquilo lá virou apenas uma balada liberal para curiosos. A verdadeira essência do swing está aqui’’.

Alheio ao ‘‘debate’’, o proprietário do Pepper se limita a falar sobre o diferencial de seu espaço. ‘‘Nosso sistema é de barzinho, e não de balada. Até o som é mais baixo, para o pessoal poder conversar com calma’’.

O empresário, no entanto, não dispensa uma alfinetada na concorrência. ‘‘Swing não é para jovem. É para casal que está junto há mais de dez anos e quer sair da rotina. Se você vir muitos jovens num clube, é porque alguma coisa está errada’’.

Rixas à parte, o fato é que os empreendedores do ramo já presenciaram muitas extravagâncias ao longo dos anos – a maioria impublicável. ‘‘Quantos cadernos você tem aí para anotar?’’, diverte-se Júnior. Entre outras histórias, ele recorda a de um casal cuja esposa decidiu bater seu recorde pessoal de parceiros numa só noite.

A façanha foi realizada durante uma festa organizada especialmente para a dupla. Para a alegria geral, deu tudo certo: no fim da jornada, a mulher contabilizou relações com 34 homens. ‘‘Um mês depois, eles foram para Brasília e ela bateu outro recorde. Transou com 41 caras’’, arremata Júnior.

Camargo também tem seu ‘‘causo’’ clássico, protagonizado por um casal à primeira vista inexperiente. Segundo o empresário, os dois vestiam roupas ‘‘certinhas’’ e pareciam constrangidos diante dos strippers que circulavam pelo clube para animar o ambiente. No meio da noite, porém, desapareceram.

Preocupado, o dono do clube foi atrás e os encontrou em meio a uma tremenda orgia, que seguiu até o dia amanhecer. Detalhe: o sujeito só olhava a mulher se divertir. E quando todos se diziam exaustos e loucos para ir descansar em casa, o casal surpreendeu outra vez. ‘‘Eles contaram que dali iriam direto para o cartório, onde se casariam no civil’’. Taí um novo conceito de despedida de solteiro.

VER PARA CRER

Antes de marcar qualquer entrevista para esta matéria, era preciso conferir de perto o que realmente acontece em uma casa para casais liberais. Sem revelar que se tratava de uma reportagem, claro. E foi isso que fiz, acompanhado da repórter da FOLHA Carolina Gabardo Belo.

Só havia um cuidado a ser tomado: não deixar transparecer que éramos apenas colegas. Afinal, casais ‘‘montados’’, como se diz na gíria dos swingers, podem ser expulsos dos clubes se descobertos. Definida uma estratégia para evitar um possível vexame, partimos de táxi para o Desiree Swing Club, nos confins de Santa Felicidade.

Chovia muito naquela noite de sexta-feira, e o motorista foi sincero quando soube o destino da corrida. ‘‘Se o jornal não tivesse convênio com a nossa cooperativa, eu não levaria vocês. Lá é muito escuro e perigoso’’. Mas o caminho não ofereceu grandes dificuldades, apesar de incluir a passagem por uma ponte de madeira e um trecho de terra. Em menos de meia hora, estávamos lá. O taxista, mais aliviado, aceitou nos pegar no fim da noite.

O terreno, iluminado por tochas, revelava um casarão e um amplo espaço para carros – de todos os tipos e marcas. Na porta do clube, um batalhão de seguranças revistava os casais. Confirmamos nossa reserva (feita por telefone no dia anterior) e logo recebemos a primeira orientação, na verdade uma ‘‘palavra amiga’’. ‘‘Ninguém aqui é obrigado a fazer o que não quer’’, disse um sujeito com pinta de guarda-costas, porém bonachão.

Em seguida, um rapaz nos levou para um tour pelo local. Primeiro, mostrou a pista de dança, o bar e um balcão com pratos, talheres e vasilhas. Era o bufê de sopas, cortesia da casa naquela noite. Também passamos por uma lojinha que vende trajes sensuais e, para nossa surpresa, peças comuns. ‘‘Tem gente que perde a roupa por aí e não pode voltar para casa pelado’’, explica uma funcionária.

Chegamos então às áreas reservadas para as ‘‘brincadeiras’’ entre casais. A saber: dark room (o recinto totalmente escuro onde ninguém é de ninguém), cabines compartilhadas, quartos privativos (pagos à parte) e aquário (uma espécie de vitrine do sexo). Mas nada se compara ao salão localizado nos fundos do clube, equipado com uma cama enorme.

Ali, dezenas de pessoas podem se embolar ao mesmo tempo, enquanto outras tantas observam em silêncio – uma placa na parede pede que os presentes evitem ‘‘conversas e risadas desnecessárias’’. Aliás, sinais com avisos e normas de conduta estão espalhados por todo o clube, bem como rolos de papel-toalha.

De volta ao espaço central, ocupamos uma mesa em frente à pista de dança, embalada por hits de FM. Os casais vão chegando e é impossível definir a média de idade predominante. Há desde jovens de 20 e poucos anos até gente mais madura, na faixa dos 50.

Por volta da meia-noite, o lugar já está cheio. As garçonetes, enfeitadas com orelhas de coelhinho, correm para dar conta de tantos pedidos. O clima inicial é o de uma balada convencional, não fosse a presença de strippers de ambos e sexos. Alguns casais, certamente ‘‘habitués’’ da casa, cumprimentam os dançarinos como se fossem velhos amigos. À medida em que o álcool sobe à cabeça, as pessoas vão se revelando.

Na mesa ao lado, por exemplo, uma esposa se transforma depois de tirar o blazer pesado e escuro. De salto alto, usando apenas sutiã, calcinha e uma micro-saia (praticamente uma faixa na cintura), ela inicia uma dança do poste digna de profissionais. O marido só fica olhando, imóvel, com um cigarro na boca. Levanta-se apenas para buscar mais bebida para a mulher, que ostenta uma aliança grossa e brilhante.

Lá por 1h30, o DJ toca uma música lenta e anuncia que o ‘‘jogo do relógio’’ vai começar. Vários casais formam um círculo em volta da pista, enquanto todas as luzes são apagadas. Quando acendem, por um instante, é hora de trocar de parceiro. Algumas duplas somente dançam. Outras partem para carícias mais ousadas.

Terminado o aquecimento, os corredores das áreas reservadas pegam fogo. É gente para lá e para cá, porém ninguém pode andar desacompanhado (dias depois, quando revelei ao dono do Desiree que estive lá, ele afirmou que nos safamos de uma expulsão justamente porque ficamos juntos o tempo todo).

Como prevíamos, a sala do ‘‘camão’’, como é chamada, está lotada. São vários grupos amontoados, e é difícil saber quantas pessoas participam de cada um deles. Não demora muito e um forte odor toma conta do recinto. É hora de chamar o táxi. A conta fica em R$ 80 – R$ 60 só do valor da entrada para o casal.

No carro, comentamos nossas impressões finais e chegamos à mesma conclusão: o que vimos na casa não nos chocou, tampouco excitou. Fomos envolvidos em uma atmosfera de tanta naturalidade que mesmo a visão do sexo grupal ao vivo e em cores se tornou banal. Estava dado o primeiro passo para a compreensão do mundo swinger.

por OMAR GODOY
com colaboração de CAROLINA GABARDO BELO
e reprodução de O Bacanal, de TIZIANO
novembro de 2008

Um comentário :

Anônimo disse...

Lendo esse artigo, eu não posso entrar para o campo de julgar se é certo ou errado, apenas deixo algumas perguntas para reflexão:

Se um casal precisa de orgias pra esquentar a relação, não seria sinal de que é hora de dar um tempo?

Amor e Sexo são coisas distintas. Mas não estaria o Amor entre um homem e uma mulher sempre ligado ao Sexo? E se estaria, não é estranho que no ápice do Amor você seje apenas mais um? Afinal o sexo por sexo entre o casal (algo recorrente mesmo em casais que se amam) não seria algo banal?

Seria possivel se proteger realmente das DSTs dando pra 41 homens em uma só noite? Ainda que fosse menos parceiros, seria possivel controlar que tipos de secreçoes vaginais estaria sobre a camisinha do penetrante? Para o homem é algo seguro, mas para a mulher é impossível saber em que buracos aquela camisinha esteve? DSTs de tabela: de mulher pra mulher.