COMBINADO ORIENTAL

Misto de luta, filosofia e auto-ajuda,
o polêmico Pa-Kua se expande em Curitiba

Modalidade não estimula a competição, por isso não há campeonatos

Treinamento com armas de corte

Priscila: da faixa cinza à preta em duas semanas


À primeira vista, é mais um estilo de artes marciais. Mas o Pa-Kua, que já conta com quatro escolas em Curitiba, pode ser definido como um pacotão de conhecimentos tradicionais chineses. E a julgar pelo material de divulgação, cujo slogan promete ‘‘uma vida saudável e feliz’’, inclui uma boa dose de auto-ajuda em seus ensinamentos.

O estudo do Pa-Kua lida com sete modalidades: defesa pessoal, acrobacia, armas de corte, ritmo (movimentos com música), sintonia (ioga chinesa), cosmodinâmica (tai chi, meditação e afins) e reflexologia (estimulação da circulação sanguínea por meio do toque em regiões do corpo). É justamente essa mistura de luta, filosofia e terapia que vem atraindo adeptos em mais de dez países, principalmente na Argentina e no Brasil.

‘‘No Pa-Kua, não há separação entre o tatame e a vida. Ele prepara você para o dia-a-dia. Eu, por exemplo, aprendi a me controlar melhor e respeitar o tempo de cada coisa’’, afirma o faixa-preta Daymont Castilho, 22 anos.

Praticante há quase cinco anos, Daymont se tornou mestre e hoje leciona em duas escolas da cidade. Um de seus alunos, o estudante Társilo Ferreira, 13, conta por que trocou o kung-fu pelo Pa-Kua. ‘‘Aprendi mais na primeira aula do que em todos os meses que passei na outra academia.’’ Dois anos depois, o adolescente diz ter adquirido autocontrole e concentração. ‘‘Agora presto mais atenção no colégio’’, garante.

Menos ligado no lado psicológico da coisa, o empresário Deive Pazos, 33, gosta mesmo é de usar as ‘‘armas de corte’’ - versões em madeira de espadas, bastões, facões etc. Treina com os dois filhos e o cunhado, sendo que a esposa também fez aulas de ‘‘sintonia’’.

‘‘Existe realmente esse foco na filosofia, os mestres estão sempre contando parábolas. Só que o aumento da auto-estima e da confiança é uma conseqüência, como em qualquer outra luta’’, diz.

Mas o Pa-Kua, ao contrário da maioria das artes marciais, não estimula o combate propriamente dito, tampouco promove campeonatos valendo medalhas. ‘‘Não é derrotando alguém que eu vou me sentir melhor. O processo é mais interior’’, justifica Daymont.

O jovem mestre ensina que ‘‘Pa’’ significa ‘‘oito’’ e ‘‘Kua’’, ‘‘mudanças’’. Sendo assim, o Pa-Kua (pronuncia-se ‘‘pákua’’ ou ‘‘pakuá’’, tanto faz) é o estudo das oito mutações que o ser humano pode utilizar nas situações do cotidiano. Um número simbólico, baseado nos elementos básicos da natureza: terra, montanha, água, vento, trovão, fogo, lago e céu.

‘‘São as várias direções que uma pessoa pode seguir na vida. O importante é se harmonizar internamente e perceber todas as opções que você tem’’, completa Daymont, que chegou a se formar em Administração de Empresas antes de optar pela rotina nos tatames.

Questionado se o Pa-Kua é uma forma de auto-ajuda, ele afirma que prefere o termo ‘‘aprimoramento pessoal’’. E repete um dos lemas da escola: ‘‘Hoje melhor do que ontem, pior do que amanhã.’’

CRESCIMENTO ACELERADO

A primeira escola de Pa-Kua foi fundada na Argentina, em 1976, pelo mestre Rogelio Giordano. Aprendiz de I Chang Ming, um chinês exilado na Coréia, ele percebeu que era possível transmitir aqueles conhecimentos milenares do outro lado do mundo. Para isso, ocidentalizou a prática, adotando o sistema de faixas e dividindo os conteúdos em módulos.

A chamada Liga Internacional de Pa-Kua hoje conta com alunos em todos os continentes. No Brasil, já são 28 escolas, espalhadas por oito estados. A sede nacional fica em Florianópolis, onde o próprio Giordano inaugurou um centro, no início da década de 1990 (o mestre argentino morreu no ano passado, em Buenos Aires).

Curitiba está no circuito há seis anos, com escolas no Centro, Batel, Água Verde e Juvevê. Esta última, inaugurada em junho, é comandada pela veterinária Priscila Sandrini, 26, em sociedade com o marido e o cunhado.

Ela conta que sempre quis aprender defesa pessoal, porém achava as artes marciais muito violentas. Conheceu o Pa-Kua em 2004, e logo se interessou pelo lado filosófico da prática. ''Passei a respeitar e ouvir as pessoas. Antes eu era muito cabeça dura'', diz. Em seguida, adverte: ''Pa-Kua é autoconhecimento, e não auto-ajuda''.

Quando chegou à faixa cinza, exatamente na metade do processo de aprendizado, Priscila decidiu se tornar professora. Pagou R$ 2 mil e entrou no sistema acelerado, uma espécie de curso intensivo para quem quer trabalhar na área. Em duas semanas, virou mestre.

Essa ''aceleração'' é criticada por lutadores de outras artes marciais, que consideram o Pa-Kua uma modalidade meramente ''comercial''. Para se defender, os professores explicam que, de acordo com a tradição chinesa, ensinar é uma forma de aprender. ''Você retoma os conteúdos o tempo todo e se torna uma pessoa mais responsável'', afirma o mestre Daymont Castilho, de apenas 22 anos.

Priscila admite que faltavam mestres em Curitiba e por isso foi incentivada a mudar de lado. Mas garante que batalhou muito para isso. ''Treinei todos os dias, das 7 às 22 horas. E continuei tendo aulas pelos três meses seguintes.''

Resignado, Daymont compara a polêmica ao conceito do Yin Yang. ''Tudo tem um lado bom e outro ruim. Algumas pessoas fizeram o acelerado e não obtiveram o resultado esperado. As coisas são assim".

Liga Internacional de Pa-Kua no Brasil

por OMAR GODOY
com fotos de MAURO FRASSON
novembro de 2008

6 comentários :

Unknown disse...

Tem também o Nei Kung, que é uma arte marcial filosófica interna, baseada nos hexagramas do I-Ching.

http://www.bodhidharma.com.br/portugues/neikung.htm

Suzana disse...

Sobre o assunto, haverá uma Palestra sobre Samurais, dia 18/05 às 19h30 na Nova Acrópole: Ubaldino do Amaral, 837 - tel: 3362-5928

Unknown disse...

É coisa anti-cristã!

Unknown disse...

Coisa anti-cristã de cu é rola, piá de prédio.

Zeca disse...

Cara, esse troço de Pa-kua é uma tremenda cilada. Se tu olhar o sitio oficial deles vai perceber uma série de contrdições e falsas afirmações como por exemplo: que um tal de Pakua Ritmo (cópia descarada do Body Combat e Taebo) veio das danças de guerreiros chineses que comemoravam suas vitórias nas batalhas. Os chineses do Intercambio tem horror a eles acusando-os de mentirosos. E a confederação de Wushu já os questionou o uso do nome chines e responderam que ensinam o "Pakua Japones" se fosse japones o nome seria "Hakko"...

Já os instrutores, esses são todos uns covardões, só falam da boca para fora, inclusive para fazer piada dos estilos dos outros em frente de seus alunos como já aconteceu inúmeras vezes sem perceberem que estavam sendo ouvidos...

Tanto no Brasil quando nos EUA há fóruns questionando esse kung fu fraudulento. Se uma pessoa paga 2 mil Reais para ser "mestre" é porque é essa a verdadeira intenção deles. PICARETAGEM!!!!

Pois, do que adianta ser faixa preta e ser ruim de técnica enquanto nós suamos o uniforme treinando sério há anos... Sou Faixa preta 1 Dan em Taekwondo há mais de anos e nunca me preocupei com competições e medálhas, senão em melhorar e aperfeiçoar minhas técnicas.

Esse papo de não competir é desculpa para não revelar a fraqueza técnica deles, por isso investem nesse moralismo de fachada... Não precisa ir muito longe para descobrir um falso certificado pelo tal falecido mestre depositário escrito em chinês de google tradutor.

E quanto ao tal chinês, esse homem sequer existiu, é tudo lorota do PAKUA HERMANO...

Viniananda disse...

Este é um golpe comum...fazer salada de praticas e filosofias orientais...o Yoga e filosofias correlatas tb sofrem com isso...