Durante o dia, o radialista Gláucio Pozzo, 35 anos, trabalha na Lúmen FM - emissora direcionada a um público adulto e de gosto sofisticado. Entre outras tarefas, ele produz e apresenta o programa Alma Brasileira, que enfoca a nata da MPB.
Terminado o expediente, Gláucio volta para casa, descansa um pouco e entra no carro novamente. É que, a partir das 20 horas, ele comanda A Noite É Nossa, na Clube FM, uma jornada que se estende até à 1 da manhã.
As duas emissoras integram o mesmo grupo de comunicação e seus estúdios são divididos apenas por uma parede. Mas, ao contrário da Lúmen, a Clube tem vocação extremamente popular, e baseia sua programação nos grandes sucessos da música sertaneja.
Para fazer essa transição, o locutor encarna um personagem, inclusive adotando outro tom de voz. ''Viro o amigão da noite'', conta Gláucio, verdadeiro faz-tudo do programa. Além de apresentar e operar os equipamentos, ele recebe mensagens da audiência e produz quadros como Clube da Amizade e Informação com Descontração.
O primeiro promove encontros entre os ouvintes, que têm seus dados divulgados no ar e ficam à espera de contatos telefônicos. Já o segundo conta com um slogan didático: ''O que acontece de mais estranho, engraçado e diferente mundo afora''. Como se pode imaginar, o quadro traz notícias como ''Mulher casa com cobra na índia'' e ''China quer produzir vinho feito de peixe'', entre outras bizarrices bem-humoradas.
Gláucio foi criado em Curitibanos (SC), onde o pai é diretor de uma rádio. Seus dois irmãos e um primo também são comunicadores, o que praticamente forçou sua entrada nos estúdios. Aos 12 anos, ele já operava a mesa de som. E não demorou muito para que a cidade ficasse ''pequena demais'' para os seus objetivos.
Em 1993, o locutor chegou a Curitiba para atuar na extinta Studio 96. Ainda passou pelas emissoras 98 e Caiobá antes de iniciar a dobradinha Clube-Lúmen, em 2005.
Como se não bastasse a ''vida dupla'' no ar, Gláucio ainda empresta a voz para produtoras de comerciais e outros serviços avulsos. Mas não reclama da correria. Afinal, o rádio é mesmo uma cachaça, como se diz no meio. ''Na Lúmen eu trabalho, e na Clube me divirto'', afirma o radialista dos extremos.
por OMAR GODOY
com foto de THEO MARQUES
outubro de 2008
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