DEUSES DO AMOR

Cresce a procura por cursos
de artes sensuais para homens

Carlos Kadosh, ‘‘orientador sexual’’: aulas de pompoarismo masculino

Andreia e Fernanda, sócias da escola Joanah Pink


Há oito anos, o professor de História Carlos Oliveira teve um encontro que mudou sua vida para sempre. Durante um curso de Memorização, ele conheceu Celine Imaguire, 14 anos mais velha e especialista numa área no mínimo peculiar: o mundo das artes sensuais.

Carlos, um fã da literatura erótica, logo se afinou com Celine, instrutora do curso Deusa do Amor, sobre auto-estima e sensualidade para mulheres. A ‘‘ementa’’? Sexo tântrico, Kama Sutra, massagens, hiperorgasmo, pompoarismo, dicas de sedução...

Não demorou muito e o professor virou uma espécie de modelo das aulas, ajudando a ilustrar as posições ensinadas pela namorada. O passo seguinte não poderia ser outro – criar um curso semelhante, porém voltado para homens.

Após fazer uma pós-graduação em Orientação Sexual numa faculdade de São Paulo, Carlos se viu apto para seguir o caminho de Celine. Antes, porém, trocou o sobrenome Oliveira por Kadosh (‘‘sagrado’’ em hebreu), ‘‘para não ficar tão comum’’. Hoje, aos 34 anos, ele percorre o país ajudando alunos a se aperfeiçoar sexualmente.

Cursos de artes sensuais não são uma novidade entre as mulheres. Vira e mexe o tema volta à baila, como aconteceu com o recente fenômeno da ‘‘dança do poste’’, impulsionado pela novela Duas Caras. Mas aulas exclusivas para homens ainda são pouco conhecidas e divulgadas.

Kadosh conta que conseguiu formar apenas quatro turmas nos últimos oito anos. Seus alunos preferem ser atendidos individualmente, para evitar constrangimentos e sanar dúvidas específicas.

E se engana quem pensa que o perfil do público se baseia em homens com dificuldades sexuais. Quem o procura está feliz com seu desempenho na cama, porém quer turbiná-lo. ‘‘Sou um orientador, não um terapeuta. Não prometo curas’’, faz questão de deixar claro.

Ao contrário das mulheres que se matriculam na Deusa do Amor, os alunos de Kadosh não querem aprender a seduzir ou criar climas eróticos. Em 90% dos casos, o negócio deles é explorar o pompoarismo masculino – um conjunto de técnicas e exercícios voltados para a contração dos músculos eretores do pênis.

‘‘A média da ereção no Ocidente é de 90 graus. Com esses exercícios, de origem oriental, é possível chegar a 120 graus, na altura do umbigo’’, explica, com uma caneta na mão, o ‘‘orientador’’.

Mas nem tudo se resolve com o pompoarismo. Para Kadosh, o problema dos homens é não se colocar racionalmente durante a relação sexual. ‘‘O sujeito pode até ser romântico na hora das preliminares. Só que, no ato em si, ele age de forma primitiva e acaba com tudo muito rápido. Isso é uma armadilha da natureza, para a gente se multiplicar’’.

Kadosh é adepto do tantrismo, cujos ensinamentos dão conta de que é possível alcançar saúde, prosperidade e longevidade pela via do sexo. O segredo, segundo ele, está na transmutação do vigor sexual em outros tipos de energia. Para isso, é preciso ser mais cerebral e menos impulsivo na hora H.

Outros fatores que comprometem a performance na cama são a má alimentação, o tabagismo e o alcoolismo. ‘‘Como bacias de frutas todos os dias. Nos palácios dos sultões, há frutas por todos os lados. Elas têm energia vital’’, diz o professor.

Quanto aos exercícios físicos, melhor tomar cuidado. ‘‘Não recomendo a bicicleta, pois puxa a musculatura para baixo. O ideal é pular corda’’, afirma.

Juntos, Carlos Kadosh e Celine Imaguire comandam uma espécie de holding erótica. Além das aulas (no valor de R$ 60 por hora), editam livros sobre sexualidade e mantêm um laboratório de produtos naturais. Nada mal para quem lecionava em um curso supletivo para funcionários dos Correios.

Ainda assim, ele continua ajudando a mulher nas aulas para as turmas femininas. Sem a menor cerimônia, passa horas de roupão ou sunga diante de dezenas de alunas. ‘‘Não tenho o menor problema com isso. Para falar a verdade, é o que mais gosto de fazer’’, confessa o dublê de instrutor e modelo.

Se existe mesmo a tão discutida crise do macho contemporâneo, ela, definitivamente, não passa por ali.

PAI, MÃE E FILHO

''O pessoal acha que é só sacanagem, mas o que eu aprendi nas aulas funciona mesmo'', garante Roberto (nome fictício), 51 anos, ex-aluno do professor Carlos Kadosh.

Em 2004, o comerciante e a mulher fizeram, separados, os cursos de Kadosh e Celine Imaguire. Gostaram tanto que, meses depois, matricularam-se em uma aula de grupo. E levaram o filho junto. ''Na época, ele tinha 18 anos. Aprendeu tudo o que eu gostaria de ter aprendido quando era jovem e não tive oportunidade'', diz.

Roberto ainda conta que, após as palestras, continuou fazendo os exercícios de pompoarismo recomendados pelo instrutor. Hoje, considera-se um homem ''multiorgasmático''. ''Mas não adianta nada se apenas um dos parceiros aprender as técnicas'', adverte.

Paulo, 37, é um calouro nas artes sensuais. Teve aulas com Kadosh há apenas duas semanas, porém está animado para colocar as lições em prática. Ele confessa que enfrenta um momento atribulado no casamento, e por isso resolveu procurar apoio.

''Os homens acreditam que já nasceram sabendo de tudo. Mas sempre é possível melhorar, e acho que estou no caminho'', afirma.

''A SOMBRA DO RICARDÃO''

Carlos Kadosh também atua, como palestrante convidado, na escola Joanah Pink, no bairro Bom Retiro. Trata-se de um ''Centro Integrado da Mulher'' que oferece, entre outros serviços, workshops de iniciação às artes sensuais. Inicialmente voltado para o público feminino, o espaço tem sido cada vez mais procurado por homens.

São três cursos direcionados para eles: Do que Elas Gostam, Como Enlouquecer uma Mulher na Cama e MBA - Muito Bom no Assunto. Este último, mais completo, ensina desde técnicas para beijar melhor a exercícios de pompoarismo masculino.

''Criamos todo um clima para quebrar a resistência dos homens'', diz Andreia Berté, sócia e palestrante do centro. Ela conta que até a decoração do lugar é mudada para receber os alunos. ''Montamos um bar aqui dentro, onde eles são recebidos com cerveja e aperitivos. Além disso, toda a equipe se veste com roupas masculinas''.

A maioria procura os cursos por sugestão das parceiras, que já ''estudaram'' na escola e também querem ser agradadas na cama. Superada a desconfiança inicial, os marmanjos se soltam e tiram todas as dúvidas possíveis. ''Eles perguntam tudo, até onde fica 'o tal do clitóris''', diz Andreia.

Ela e sua sócia, Fernanda Pauliv, são publicitárias e trabalhavam na mesma agência antes de criar o centro, há seis anos. Desde então, não param de ver a clientela crescer.

''Acho que as mulheres se perderam quando começaram a disputar vagas no mercado de trabalho. Dedicaram-se mais à vida profissional e deixaram os maridos um pouco de lado. Agora, tentam resgatar sua feminilidade, sua delicadeza'', afirma Andreia.

Mas e os homens? Por que precisam desse tipo de aula? ''Eles estão vendo suas mulheres aprenderem tantas coisas novas que não querem ficar para trás. É a sombra do Ricardão'', brinca.

Deusa do Amor
Joanah Pink

por OMAR GODOY
com foto de LETÍCIA MOREIRA (Kadosh)
e material de divulgação (sócias)
agosto de 2008

Um comentário :

Unknown disse...

Fiquei sabendo de uma russa que consegue sustentar 14 kg com a vagina. Gostaria de saber: tem algo documentado em relação aos homens? consigo mantes uns quilos e fazer elevações com o penis. Como o Carlos Kadosh é o pioneiro em pompoarismo masculino gostaria de saber o que sabe a respeito.