JORNALISTICAMENTE LOIRA

Giselle: entre jóias e invólucros para cadáveres


Quem vê Giselle Macedo à frente do programa Contagiando não imagina que ela já fez de tudo na televisão. Toda arrumada e maquiada, anunciando jóias caríssimas, a apresentadora de 38 anos pouco lembra a repórter ''pau para toda obra'' da extinta TV Manchete em Curitiba.

''Comecei no telejornalismo antes mesmo de terminar a faculdade. Cobri crime, política, esporte'', conta a jornalista, que naquela época sequer pensava em ingressar no colunismo social.

Mas o Contaginado (no logotipo, a sílaba ''gi'' aparece em destaque) passa por uma fase de transição em seu quarto ano de atividade. Desde dezembro de 2007, a atração passou a ser transmitida em rede nacional pela CNT, o que obrigou Giselle a ampliar seu leque temático.

Obrigou em termos, porque a apresentadora confessa que a cobertura dos eventos ditos ''sociais'' nunca foi seu forte. ''Como se trata de uma produção independente, no início tive de cobrir festas para manter o programa no ar. Fazia isso empurrada, com muita dor no coração''.

Hoje, ela garante, apenas 5% das matérias exibidas são pagas. O restante dos recursos vem de patrocinadores - como uma indústria de jóias e um grupo empresarial que, entre outros negócios, fabrica invólucros ecologicamente corretos para acondicionar cadáveres. ''Imagina a dificuldade de anunciar, num mesmo programa, produtos tão diferentes'', diz.

Turismo, cultura e saúde são alguns dos assuntos da nova fase do Contagiando. Festas, agora, só se pagarem muito bem. ''Não estou tão inserida na sociedade como as pessoas pensam'', afirma.

De qualquer forma, foi por sair em várias colunas sociais que Giselle recebeu o primeiro convite para escrever sobre o assunto, em um jornal também já extinto. Antes, porém, passou um tempo afastada da profissão. Casou-se com um médico, teve duas filhas e abriu uma loja de presentes. ''Mas eu não era feliz ali. Quem tem o jornalismo na veia não consegue fazer outra coisa'', diz.

Comparada pelo repórter com a personagem Elle Woods, a advogada patricinha e esforçada do filme Legalmente Loira, ela leva na esportiva. ''Sempre fui arrumadinha, desde a faculdade. Não tem o grupo dos bichos-grilo? Eu era da turma das arrumadinhas'', admite.

Giselle ainda conta que é uma das exceções de uma família tradicionalmente voltada ao Direito - o avô foi desembargador e o bisavô, Clotário de Macedo Portugal, ocupou o cargo de governador do Paraná nos anos 40. Seu primo, o humorista Diogo Portugal, é o outro ''desviado'' do clã. ''Somos os patinhos feios da família'', brinca a apresentadora.

por OMAR GODOY
com foto de LETÍCIA MOREIRA
setembro de 2008

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