ECOS DO ALÉM

Fiorini e o psicoscópio: polícia e espiritismo

Um indivíduo pode ter as mesmas impressões digitais de alguém que já morreu? Para o delegado de polícia João Alberto Fiorini, sim. Especialista em identificação humana e cenários de crimes, Fiorini aliou seus conhecimentos ao interesse pelo espiritismo e há dez anos pesquisa o assunto. Agora, prepara-se para lançar o livro Reencarnação - Investigação Científica, que reúne casos estudados por ele e antigos registros de fenômenos semelhantes.

Ao longo desses anos, o delegado utilizou técnicas da polícia científica e contou com o auxílio de peritos criminais para produzir laudos que, segundo ele, comprovam a existência de vida após a morte. Um dos documentos, por exemplo, dá conta de uma jovem paranaense que seria a reencarnação da atriz portuguesa Eugênia Câmara, com quem o poeta Castro Alves teve um romance no século 19.

Por meio da prosopografia (estudo anatômico da face) e da grafoscopia (análise da escrita), Fiorini encontrou indícios de que o espírito de Eugênia voltou ao mundo material no corpo da moça. ‘’Os rostos das duas tinham 21 pontos de semelhança’’, afirma.

Formado em um ambiente católico no interior de São Paulo, o delegado por pouco não se tornou padre. Continua assistindo à missa semanalmente, mas também frequenta um centro espírita - hábito que adquiriu há mais de 30 anos, quando sua irmã ficou muito doente. ‘’Uma enfermeira nos aproximou da doutrina e isso trouxe conforto para a família’’, conta.

Anos mais tarde, ele mesmo esteve entre a vida e a morte, por conta de um problema grave no intestino. Foi operado em São Paulo e, durante os oito meses de recuperação, começou a se envolver com o tema que passaria a pesquisar avidamente. Já reestabelecido, participou de um programa de televisão sobre espiritismo para descobrir novas evidências. ‘’Desafiei o público a me escrever se conhecesse casos de espíritos manifestados’’, lembra.

Fiorini acredita que seu trabalho pode ser uma ‘’ferramenta para a fé das pessoas’’. Por isso, prepara a publicação de mais dois livros. O primeiro, Magnetismo e Hectoplasma, trata, entre outros assuntos, do psicoscópio, um aparelho capaz de invocar entidades.

Já o segundo lida com licantropia, a metamorfose de homem em lobo. Ou seja, fala de lobisomens. ‘’É um assunto que eu mantive em sigilo por muitos anos, mas agora resolvi divulgar’’, revela o delegado, que ainda encontra tempo para esculpir em madeira e cantar no coral da polícia. ‘’Para ser sincero, eu tenho preferido cantar a ficar falando desses assuntos pesados’’, confessa.

por OMAR GODOY
com foto de MARCOS BORGES
fevereiro de 2009

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