MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Maria Rafart, psicóloga e apresentadora: da ação para o pensamento

Maria Rafart, 45, está em lua de mel. Depois de apenas oito meses de namoro com o músico Fábio Elias, da banda Relespública, ela disse "sim" em pleno palco de uma casa de shows da cidade. Uma cerimônia roqueira, com direito a uma canção composta especialmente para a noiva.

"Eu acredito no amor, faço uma verdadeira cruzada por ele", afirma Maria, psicóloga, advogada, escritora e âncora do talk show de rádio 91 Minutos, da FM 91 Rock. Tanto acredita que nem dá bola para a diferença de idade do casal (cerca de 12 anos).

"Quando o Fábio começou a ir ao programa, como convidado, pensei que ele era mais velho. Mas ele também pensou que eu era mais nova, então tudo bem", brinca a mãe de uma menina de 15 anos, fruto de seu primeiro casamento.

Maria se formou em direito antes de mergulhar na psicologia. Especializou-se em casos de família e escreveu livros sobre o tema, voltados para mulheres separadas. Até perceber que se interessava mais pelos relacionamentos interpessoais do que por questões jurídicas. Hoje, divide-se entre o estúdio da rádio e um consultório no Batel, bairro onde cresceu com a família de origem espanhola.

Na parede da sala comercial, um quadro traz o retrato e um autógrafo (legítimo, segundo ela) de Freud. Maria, no entanto, faz questão de não se associar ao pai da psicanálise. Diz que respeita suas teorias, porém é adepta da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), um processo mais rápido e prático, desenvolvido a partir da década de 50 pelo psiquiatra americano Aaron Beck.

Definindo vulgarmente, a TCC se constitui de uma série de abordagens que buscam entender como os problemas das pessoas interferem em suas vidas diárias. O terapeuta investiga a forma como o paciente interpreta o mundo e, a partir daí, sugere pequenas atitudes que estimulam uma mudança de comportamento. "É a ação que muda o pensamento, não o contrário", explica.

Em sua "cruzada pelo amor", a psicóloga se depara, cada vez mais, com adultos incapazes de manter um relaciomento afetivo satisfatório. Seja na rádio ou no consultório, o que ela mais ouve são queixas de que "o mercado está fraco". "O mercado está ótimo. O problema é a labilidade (instabilidade) das relações", garante.

Para Maria, homens e mulheres vem descartando potenciais parceiros por conta de detalhes insignificantes - quando se deveria priorizar valores mais essenciais. É o que ela chama de "teoria da calça", criada a partir de uma experiência pessoal.

"Quando tinha 14 anos, fui ao cinema com um estudante de engenharia química por quem eu era apaixonada. O rapaz usava uma calça xadrez horrível, e aquilo me incomodou tanto que nunca mais quis sair com ele", conta. "Descartei uma pessoa sem me tocar de que ela poderia ter valores importantes para mim", completa.

A terapeuta-apresentadora ainda dá um "diagnóstico" do público que a procura. Segundo ela, a maioria das mulheres busca um provedor, enquanto os homens estão mais preocupados com a beleza física. "As pessoas precisam parar de fazer projeções. E enxergar que o gordinho do seu lado é um cara legal, que aquele pobrinho que trabalha com você também é uma graça", recomenda.

Aliás, a própria Maria se diz um exemplo do que prega. Casou-se com o gordinho Fábio Elias, virou empresária da Relespública e agora batalha para fazer a banda crescer nacionalmente. "É muito difícil encontrar um homem rico e bom. Como tive a sorte de achar um bom, vou fazer ele ficar rico", diverte-se.

por OMAR GODOY
com foto de LETÍCIA MOREIRA
abril de 2009

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